O agricultor está sempre de olho no clima, especialmente a partir da metade do ano quando está terminando o período mais úmido e tão logo terá que definir o plantio de uma nova safra. E, neste assunto, a variável principal é a chuva, pois todos querem saber e acompanhar o volume ou falta dele, e também como será a distribuição ao longo do ciclo. Um dos fatores que têm influenciado nas precipitações em todas as regiões produtivas, e não é de hoje, é o fenômeno La Ninã, que desde o segundo semestre de 2020 tem persistido, ou seja, esta é a terceira safra consecutiva sob sua influência. De acordo com a meteorologista Nadiara Pereira, em entrevista ao podcast Agrotalk da Climatempo, o La Ninã tem chamado mais a atenção pelo motivo da persistência do que pela intensidade. Apesar de ter ganhado força nesta Primavera, com índices mais intensos de chuva com relação ao ano passado, o fenômeno estará mais enfraquecido entre o verão e outono de 2023. “É aí que acontece a transição para a neutralidade climática, com a finalização do La Ninã”, destaca a especialista.
Chuvas De acordo com agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima, a tendência para o mês de outubro é de bastante concentração de chuva sobre a faixa central do Brasil, mantendo a condição favorável à continuidade do plantio da soja, ao desenvolvimento das lavouras de café, citrus, cana-de-açúcar, hortaliças, entre outras. Já na região Matopiba, Oeste da Bahia, Tocantins, Maranhão, Piauí e Pará, a chuva chega somente na última semana de outubro. “A partir do dia 20 as chuvas chegam e não param mais”, explica o profissional. Por outro lado, Paraná, Santa Catarina, Paraguai e sul do Mato Grosso do Sul estão, neste momento, com excesso de chuva, o que tem causado prejuízo. O Paraná, por exemplo, está atrasado com o plantio da soja em razão desse volume, e a qualidade do trigo também tem sido afetada. Santos destaca ainda que a primeira quinzena de novembro será bastante úmida em todo o Brasil, mesmo no Rio Grande do Sul que continuará apresentando chuvas mais irregulares. “Serão condições extremamente favoráveis ao desenvolvimento das lavouras que estão no campo e também para o plantio da nova safra”, pontua. Ele ressalta que, mesmo com o La Ninã, os modelos enxergam tanto a Primavera, quanto o Verão, com chuvas dentro da média no Brasil inteiro. “Estamos caminhando para ter uma safra muito boa, talvez não excepcional porque é difícil ter chuvas regulares no País inteiro por suas dimensões continentais, mas sem dúvida nenhuma será uma safra boa”, considera o agrometeorologista.