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Ascenza Destaca: Cenário dos grãos 2023

ASCENZA Destaca
Ascenza Destaca: Cenário dos grãos 2023
2023-06-12
Institucional

Após recuo de preço neste início de ano, valor da soja começa a reagir, mas deve se manter inferior as últimas safras, para o milho projeção é mais positiva

A safra agrícola brasileira de grãos deve totalizar um recorde de 302,1 milhões de toneladas em 2023, ou seja, 39 mi/ton a mais que o desempenho de 2022, um aumento de 14,8%, segundo previsões da Conab. Os resultados poderiam ser ainda melhores não fossem os problemas climáticos que afetam o Rio Grande do Sul pelo terceiro ano seguido. A produção de soja deve somar um ápice de 149,1 mi/ton, uma elevação de 24,7% em relação ao produzido no ano passado.  

No mercado internacional, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial de soja deve alcançar 410,58 mi/ton e, caso confirmada, será o maior valor da história. Os dados de produção recorde do grão refletem no aumento do estoque final da oleaginosa no mundo, com previsão de 122,49 mi/ton para a safra 2023/24. A estimativa projeta uma alta de mais de 20,0% no estoque final em relação à safra 2022/23 (101,04 mi/ton).

Se por um lado há a quebra de safra Argentina, a produção americana é de boa expectativa e isso tem impactado com o preço do no Brasil. Além disso, em virtude da safra recorde brasileira, a oferta é maior que a demanda, e com isso os preços do grão estão diminuindo com registro de negociação no menor patamar desde 2020. Segundo especialistas, diante do pós-pandemia e crises econômicas, a tendência é que os valores entrem em um ponto de equilíbrio no mercado mundial. Entretanto, tal patamar no Brasil, está abaixo do custo de produção, com a saca de (60kg) cotada na primeira semana de junho na média de R$ 135,53, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - Cepea Esalq/USP.

Para o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Fabrício Morais Rosa, a queda nos preços é uma preocupação, visto que no panorama macroeconômico internacional a tendência é uma desvalorização do dólar, o que internamente para o Brasil é um problema. “Olhando para a frente, a tendência é o mundo começar a estabilizar e os juros também. Tudo indica um equilíbrio, mas com preços abaixo dos R$ 150, é desafiador para os produtores”, disse. “Contudo, ao mesmo tempo se tem observado recuo nos custos, especialmente nos fertilizantes, o que pode auxiliar a equilibrar as contas na relação de troca”, completa.

 

Cenário do milho

A produção mundial de milho deve alcançar 1,22 bi/ton na safra 2023/24, estima o USDA. A demanda global tende a aumentar para 1,2 bi/ton de toneladas, o que favorece a recuperação dos estoques mundiais. As exportações devem totalizar 195,26 mi/ton, acima das 175,44 mi/ton da temporada anterior. São esperados estoques finais da ordem de 312,9 mi/ton, um crescimento em relação às 297,4 mi/ton de 2022/23.

Os americanos deverão colher 387,75 mi/ton neste próximo ciclo, mais do que as 348,75 mi/ton do anterior. As exportações dos EUA subirão de 45,1 mi/ton para 53,3 mi/ton. Com demanda total de 314,6 mi/ton — contra 303,67 mi em 2022/23 —, os estoques aumentarão de 35,98 mi para 56,43 mi/ton.

 

A Argentina, por sua vez, colherá 54 mi/ton, bem acima das 37 mi/ton de 2022/23, safra que foi prejudicada por uma forte estiagem. Os argentinos embarcarão 40,5 mi/ton, superando as 25 mi/ton do ciclo anterior. Já a Ucrânia também deve ter uma safra menor — em meio aos vários problemas causados pela guerra com a Rússia. A produção recuará de 27 mi/ton para 22 mi/ton, enxugando as exportações de 25,5 mi/ton para 16,5 mi/ton. As importações da China aumentarão de 18 mi/ton para 23 mi/ton.

 

E o Brasil?

 

A produção nacional de milho foi estimada em um recorde de 119,9 mi/ton, com crescimento de 8,8% ante 2022. A lavoura de milho 1ª safra deve somar 27,9 mi/ton, um aumento de 9,8% em relação a 2022. O milho 2ª safra deve totalizar 91,9 mi/ton, aumento de 8,5% em relação a 2022. Essa safra recorde também pressiona os preços internos.

Como os preços domésticos do milho no Brasil dependem da exportação que está sendo colocada pelo USDA em 55 mi/ton bem acima da estimativa da Conab (48 mi/ton). Caso eles tenham razão, os preços do milho brasileiro serão mais positivos do que os da soja. No entanto, esta alta deverá ser comedida.

Para os especialistas do mercado não vemos os preços nos mesmos níveis do início da safra passada, ao redor de R$ 90/sc, mas algo perto de R$ 80,00/sc a médio e longo prazos, contra um custo de produção de R$ 73,94/sc, para a segunda safra. No mercado futuro, os preços do milho seguem pressionados.

Ao final da primeira quinzena de fevereiro, o março de 2023 foi negociado na Bolsa de Valores do Brasil a R$ 88,89, com uma variação de 0,55%. Já o maio de 2023 valeu R$ 88,95, com baixa de 0,10%. Enquanto isso, julho está cotado a R$ 88,22. Para o segundo semestre, as movimentações avançaram, com ganho de 1,05% em setembro. 

Preço demonstra discreta reação

Os preços da soja começaram a mostra discreta reação na última semana. Na Bolsa de Chicago, as cotações subiram entre 1,75 e 6,25 pontos, com o julho valendo US$ 13,69 e o novembro, US$ 11,91 por bushel. As expectativas indicam a possibilidade de um aumeno nos estoques finais de soja e milho da safra velha dos EUA, bem como também da safra nova.

 

"As estimativas de oferta e demanda mundiais de junho do USDA podem não ter muito a dizer sobre milho e soja, mas haverá novas estimativas de safra de trigo de todo o mundo", explica o analista internacional Todd Hultman, do portal norte-americano DTN The Progressive Farmer.