A mudança não agradou todas as entidades do agronegócio, como do Paraná e de Santa Catarina, que esperavam prazo maior para a semeadura
Recentemente, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), através da Portaria nº 886, publicou alterações no calendário de semeadura da soja para o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de Bahia e Rondônia. A decisão, segundo o órgão federal, foi tomada em função de características geoclimáticas e arranjos produtivos em algumas regiões específicas, principalmente para casos onde a cultura é cultivada como segunda safra. Desta forma, ao invés de um período único para cada Unidade Federativa, foram estabelecidos calendários diferenciados para regiões diferentes no âmbito de cada um destes Estados.
O calendário de semeadura é adotado como medida fitossanitária complementar ao vazio sanitário da soja, ambos com o objetivo de reduzir ao máximo o inóculo da ferrugem asiática. Com todo esse controle, espera-se também a racionalização do número de aplicações de fungicidas e a redução dos riscos de desenvolvimento de resistência do fungo Phakopsora pachyrhizi (que causa a doença) às moléculas químicas utilizadas no seu controle.
Publicada ainda em julho, a versão anterior da Portaria previa períodos de apenas 100 dias para o plantio e, dessa forma, recebeu críticas, principalmente de representantes da região Sul. Em parecer técnico enviado ao Mapa, afirmaram que a decisão era arriscada, em razão das variações climáticas e condições de solo para plantio, e que a extensão da janela seria necessária e viável do ponto de vista fitossanitário.
Após as discussões, o Paraná, por exemplo, passa a ter duas regiões com 120 dias e uma com 100, porém, dirigentes como da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) desejavam que fosse mantido o período de 140 dias. “Infelizmente, não fomos atendidos”, expressou Ágide Meneguette, presidente do Sistema Faep/Senar-PR. Quando o anúncio da mudança foi feito, faltava pouco tempo para o início do plantio e o planejamento dos produtores já estava concluído, portanto, os envolvidos acreditam que a mudança causará sérios problemas.
Em Santa Catarina, o calendário passado seguia até 21 de fevereiro, totalizando 143 dias para o plantio, e agora será de no máximo 120 dias em três regiões e 100 dias em uma região. Para o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, a mudança imposta pelo governo federal foi uma arbitrariedade, considerando que o estado tem áreas de cultivo a 200 metros acima do nível do mar, e outras a mil, não sendo possível, portanto, seguir o mesmo calendário.
Já no Rio Grande do Sul, as mudanças foram recebidas com satisfação. O estado terá áreas com 99, 109 e 119 dias na nova configuração. Elmar Konrad, vice-presidente da Federação da Agricultura do RS (Farsul), pontuou que o período determinado anteriormente era insuficiente para o plantio e, se mantido, traria prejuízos enormes para o produtor gaúcho, por isso a mudança foi vista com bons olhos. Com a regionalização, a maior parte da área produtora gaúcha de soja seguirá com o plantio até 28 de janeiro. “Dessa forma não haverá conflito com o plantio de milho, que acontece antes da soja no RS, e não causa risco sanitário”, comentou o dirigente em entrevista.
Na Bahia, o novo período vai de 1º de outubro a 31 de dezembro de 2023. Neste caso, o calendário foi reduzido de 100 para 92 dias em atendimento à solicitação do Órgão Estadual de Defesa Sanitária Vegetal.
Em Rondônia, também foi atendida a solicitação do Órgão Estadual de Defesa Sanitária Vegetal no sentido de estabelecer um período único de 100 dias para o estado como um todo, ao invés de períodos diferenciados para duas diferentes regiões como estabelecido anteriormente. O novo período vai de 11 de setembro a 20 de dezembro de 2023.
Plantio atinge 1,9% da área estimada
A safra de soja de 2023/24 está com 1,9% das áreas semeadas dos estados de TO, MA, PI, BA, MT, MS, GO, MG, SP, PR, SC e RS, que juntos correspondem a 96% da área cultivada do Brasil. O percentual é o último divulgado pela Conab, no dia 21 de setembro. No mesmo período do ano passado, havia 1,5% de plantio nestas regiões.
O Paraná está na liderança, em razão da umidade oriunda de chuvas na segunda semana de setembro, e Mato Grosso está na sequência. Pará, Rondônia, São Paulo e Mato Grosso do Sul também já tinham máquinas em campo nesta data.
Confira um resumo com os novos calendários de plantio da soja em cada estado:
Rio Grande do Sul
Sudoeste e Sudeste: 1 de outubro a 18 de janeiro de 2024 – Região 1
Noroeste, Centro-Oeste e Centro-Leste: 1 de outubro a 28 de janeiro de 2024 – Região 2
Nordeste e região metropolitana: 1 de outubro a 08 de janeiro de 2024 – Região 3
Santa Catarina
Sul: 13 de outubro a 10 de fevereiro de 2024 – Região 1
Vale do Itajaí, Norte e Oeste: 02 de outubro a 30 de janeiro de 2024 – Regiões 2 e 3
Demais regiões do estado: 02 de outubro a 10 de janeiro de 2024 – Região 4
Paraná
Sudoeste e Centro-Sul: 20 de setembro a 18 de janeiro de 2024 – Região 1
Oeste, Norte e Noroeste: 11 de setembro a 20 de dezembro de 2023 – Região 2
Sudeste, Nordeste, Centro e região metropolitana: 17 de setembro a 15 de janeiro de 2024 – Região 3
Bahia
Todas as regiões produtoras: 1º de outubro a 31 de dezembro de 2023
Rondônia
Todas as regiões produtoras: 11 de setembro a 20 de dezembro de 2023.